Dei-me por conta da gratidão que sinto pela cidade que nunca litoreia, pelos motoristas que nunca descansam, pelas caixas que silenciosamente digitam, pelas vitrines iluminadas que nos esperam, pelos restaurantes que servem exclusivas refeições e ate pela moca que me vendeu um capuchino, mesmo que eu tenha percebido o seu mau humor da minha parte estava mansa e conformada por estar ali, me sentindo parte de uma cidade atenta, viva, sensata, que sabe que não pode parar, que existem pessoas que dependem do trabalha dela, que o coração de Porto Alegre sopra, sopra e movimentam meus passos, meus olhos atentos, meu encanto pelo sentimento de solidariedade de quem se sentiu parte de uma consciência de que a cidade sobreviveu a revoada praiana. Gosto de me sentir assim, gosto de esbanjar minha vida pela cidade abandonada, mas nem tanto.
Deve ser por causa desse ligeiro prazer que persuadi aquela moca mal humorada e apática a me entregar uma bela bala de café pelo troco que dispensei, também notei seu risinho escondido e a compreensão dela, afinal, fazemos parte da Porto Alegre remanescente.
Deve ser por causa desse ligeiro prazer que persuadi aquela moca mal humorada e apática a me entregar uma bela bala de café pelo troco que dispensei, também notei seu risinho escondido e a compreensão dela, afinal, fazemos parte da Porto Alegre remanescente.