
Hoje fiz prova de psicotécnica da auto-escola, essa estória da auto-escola já deu muito assunto na minha vida de balzaquiana. Essa manhã rendeu mais um capítulo, muito hilário para o telespectador que somente observa de fora.
A execução da prova transcorreu bem, obvio que, como toda sala de espera de uma auto-escola que se preze, a chamada para o exame médico foi antecedida de muitas estórias bizarras contadas pelos demais candidatos que ali se apertavam com aquele típico frio na coluna que já é sintoma de quem pisa numa auto-escola buscando a primeira habilitação. A única que não contou estória foi uma mocinha que devia estar saindo da adolescência e ainda tinha cheiro de estagiária, essa tremia sem cessar e tudo que ela sabia balbuciar era: - Tô nervosa! Os demais já eram reincidentes, inclusive, eu mesma. Mas de toda aquela conversa, o que mais gostei foi do parecer apurado do senhor que sentava ao meu lado depois de eu ter lhe contado que anteriormente havia causado um acidente de trânsito sem carteira. O parecer dele foi: -Não te preocupa, esse acidente aconteceu porque era para acontecer, poderia ter acontecido mesmo que você tivesse carteira e aí, ainda seria pior porque seria numa auto estrada. Sem fazer juízo de valor, apreciei muito o parecer dele, afinal, foi cordial e motivador. Lógico, na pratica eu nunca mais senti o cheiro do volante depois daquele acidente, mas ouvir uma perspectiva tão simples me alegrou.
Bem, mas as conversas cômicas que antecedem a prova não nos livram dela. Depois de me aplicar para a acertar e concluir as provas psicotécnicas, aguardei pela comunicação da avaliadora sobre o resultado da prova e sobre os próximos passos. O mais cômico nessa etapa é que a avaliadora divulga a aprovação ou a reprovação na frente de todos, sorte é que os reprovados vão ficando por último, mas a hora de todo mundo chega tão certo quanto a morte.
Obvio, eu fiquei por último e já comecei a conversar com Deus, fiz um propósito que se eu não passasse, desistiria da CNH. Mas, enfim, a avaliadora disse que eu havia obtido boa performance nas provas de concentração, organização e raciocínio lógico, mas que havia apresentado um problema na prova de medição da impulsividade. Sendo assim, lá vai a balzaquiana esperar mais meia hora depois de ter sido aconselhada a passear pelo shopping. Sinceramente, eu não sei o que se passa na mente de uma avaliadora ao obrigar certa criatura a alimentar uma úlcera estomacal por mais meia hora, para piorar a situação, num típico dia de desafios eu tinha esquecido minha carteira em casa e não tinha um centavo capaz de enganar o estomago.
Meia hora pareceu quarenta anos no deserto, mas enfim, terminou graças a Deus. Voltei lá e fui recepcionada pela mesma avaliadora que num ato de misericórdia estava bem dócil. Ao reavaliar meu resultado final ela disse que havia interpretado um somatório erroneamente, mas mesmo assim meu nível de impulsividade estava acima da média, então, poupando a minha vida, me deixou refazer o abençoado teste.
Considerando que sou um pouco letrada, refiz o teste e reduzi o volume de traçinhos objetivando baixar a soma final, com um desvio de cinqüenta ou mais traçinhos a menos, obtive a aprovação.
Ufa, depois daquele resultado, sorri por dentro e controlei a adrenalina.
Confesso que ainda não declarei agradecimentos ao meu Deus, mas isso merece um tempo especial para fazê-lo.
No mais, voltei tranqüila pelas ruas, observei um preservativo usado no chão do asfalto como se tivesse sido usado num estado primitivo e urgente então pensei: - Se ela me reprovasse eu sacaria uma foto disso e mostraria para ela declarando: - Isso sim é impulsividade!
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